"Israel é um Estado racista"

Miko Peled, israelita, nascido numa família sionista de Jerusalém, professor de artes marciais nos EUA e autor de O Filho do General, tornou-se pacifista após a morte de uma sobrinha
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Como é que alguém que perdeu a sobrinha num atentado é pacifista?

A minha sobrinha morreu mas os dois jovens que se suicidaram morreram com ela. Quando aconteceu o atentado que vitimou Smadar [de 13 anos], a minha irmã foi a própria a afirmar: "A minha filha morreu mas os jovens que a mataram morreram também." Os pilotos que bombardeiam Gaza não morrem.

Culpados?

Não são os palestinianos. É Israel.

A solução?

A deslegitimação de Israel até que caia o regime de apartheid.

No seu livro desconstrói mitos de Israel. ..

São histórias que se tornaram mitos e que descobri ao fazer pesquisa para o meu livro. Primeiro é a história de 1948. Todos crescemos com o mito de que havia uma pequena comunidade judaica que foi atacada pelos árabes; foi muito heroica, como David lutando contra Golias, e conseguiu derrotar os árabes, conquistar a terra e estabelecer a pátria. E todos aqueles jovens oficiaisde 1948 tornaram-se como deuses do Olimpo na cultura de Israel. Revelou-se que a milícia sionista é que iniciou ataques maciços ...

Refere-se a 1948 ou antes?

Não, a 1947. Logo após a aprovação na ONU da resolução da partilha da Palestina, a milícia sionista começou a atacar a população civil, que não tinha armas nem força militar, e a fazer uma campanha de limpeza étnica. Foi assim que o Estado de Israel foi criado. É o grande mito dos sionistas e de que ninguém fala.

Como chegou a essa conclusão?

Foi um processo lento, doloroso, que começou em 2000, fim dos anos 90, quando participei num grupo de debate entre judeus e palestinianos em San Diego. Foi a primeira vez que me reuni com palestinianos.

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